Quando fui iniciada no Caminho Sagrado Tonantzin, foi em uma noite linda, na qual choveu
ao iniciarmos os rituais. Senti aquela chuva como um abraço de boas vindas, de bênçãos da
Divina Mãe que dizia e envolvia-me “estou contigo, sou tua mãe”... confortou-me o coração,
um pouco cansado e triste das situações que algumas vezes nos deparamos na vida.
Então a pergunta do que me trazia aquele lugar e o que eu desejava naquela iniciação foi feita,
fui levada a reflexões e alguns pensamentos iam me tomar, quando como uma oração falei
“quero ser feliz”.
Antes da pergunta ser feita, tive meus olhos vendados e fui levada a caminhar sobre um tapete
até o centro do salão de mãos dadas com uma irmã com nome derivado de flôr. Quando dei o
primeiro passo, uma estrada de terra abriu-se em minha frente e sob meus pés, em paralelo a
sua extensão um campo verde florido, cercado de colinas... a cada passo uma chuva de pétalas
de flores caia sobre mim e de tudo a minha volta... um suave aroma de flores tomava meu
ser... estava tudo muito claro e uma briza agradável tocava meu corpo.
Mesmo com os olhos fechados, sentia-me segura ao caminhar, decidida, a impressão era
que meus olhos estavam bem abertos, meus pés firmes, corpo todo fortalecido e não mais
aquela sensação de cansaço... sentia-me leve. Uma ampla sensação de confiança, alegria,
paz banhava-me como um todo e tudo em um pequeno espaço de tempo... como que a cada
inspirar e expirar...
Tirei o véus dos olhos!
Todas sentamos e a ritualística foi acontecendo e eu aos poucos parece que aterrizava em
meu corpo, como um pássaro de volta ao ninho...de volta a mim mesma... ouvi e vi tudo
pausadamente enquanto ao mesmo tempo sentia tudo em cada pedacinho de mim...tudo ao
mesmo tempo...
Foi realizado um mantra “ware guru” e pouco a pouco fui me aproximando, sentindo,
escutando meu coração, e cada batida gerando ondas que reverberavam em todo meu ser, em
toda a minha estrutura num mantra de amor, de compaixão...
Depois cantamos entoamos sons, uma de cada vez, pude ouvir além das palavras, as irmãs,
companheiras de caminhada, pude me ouvir, todas reivindicando seus espaço, suas vozes no
todo...
Cantamos “onde esta meu coração” e mais de pertinho senti minha alma pulsar vida em mim,
percebi meu ritmo, ouvi minhas canções de amores e dores, contando minhas histórias dentro
do peito... isso foi muito real para mim. Pude perceber o quanto vivi, até aquele momento fora
de mim, sem me ver, me sentir, me escutar...
Agora posso viver seguindo meu ritmo e minha voz interior! Isso é libertador! Fortalecedor!
Agora a cada dia vem se revelando em mim uma mulher que estava guardada com suas
histórias, registros dentro de mim... aguardando ser ouvida, tocada, cuidada para vir a luz do
Ser Sagrado, que tem como fonte o coração, olhos da alma, que tudo vê, compreende e que se
abre como uma flôr à Aurora da Vida! Madre Terra!
Estou feliz, venho buscando banhar-me dessa fonte sagrada interior, todos os dias. Esse
reencontro comigo mesma tem me fortalecido, me tornado mais consciente, mais alerta, mais
confiante em mim mesma!
Estou cuidando mais de mim, mais atenta ao chamado do meu coração, honrando meu ser,
indo até onde já consigo ir, buscando caminhar em reverência ao sagrado a minha volta e
em mim. Com vontade de realizar meus projetos e
sonhos...auxiliando aos demais dentro de
minhas possibilidades e do que já posso, mas principalmente, nunca mais me colocar em
segundo plano... Me amar sempre! Me reverenciar, me cuidar... eu sou sagrada!
Agradeço a divina Mãe, ao grupo de mulheres do Caminho Sagrado, as minhas filhas,
mãe, irmã, ancestrais, a todos os presentes ou que já passaram pela minha trajetória, pela
possibilidade e pela benção de estar seguindo através das mãos da Divina Mãe Tonantzin e
expandindo, sanando, fortalecendo meu ser a partir de minha estrutura, de minha realidade,
de minhas vivências, que são como portal a plenitude... ao sagrado...todos os dias!
Namastê! ( Lana, Mulher do caminho Sagrado Tonantzin.)
